domingo, 4 de outubro de 2015

Um toque de orquídea no crochet - Marildinha


O quintal me proporciona momentos delicados e imprevisíveis.

Uma tarde morna, até abafada, céu nublado e uma sequência grande de dias sem chuva.
Eu lia Para sempre Alice e crochetava com um fio mesclado em tons de preto, cinza e branco que me lembrava os chuviscos da tevê ligada e mal sintonizada. Era assim também que eu sentia o que Alice experimentava com o Alzheimer.

A leitura me fazia pensar e eu pensava olhando para as plantas do quintal, em seus vasos sobre o cimentado. Tão abafado, tão pouca chuva... Alzheimer não tem remédio mas este tempo seco tem, pelo menos para minhas meninas e fui regar as orquídeas.

 Costumo falar com meus companheiros, os gatos, as plantas, os pássaros... é um bom papo! Nessa tarde, aguando a maridinha, que se prende ao tronco da pitangueira e nela se expande em vários ramos floridos, (essa florzinha da foto é um buquezinho dela), algo se agarrou à manga da minha blusa. Era uma muda da marildinha, um segmento florido e cheio de raizes.

Então prendi a mudinha num tronco próximo a outra pitangueira, mais nova.

Amarrei bem com um fio de lã vermelha e a deixei protegida pela folhagem para que se adapte mais facilmente ao novo tronco.


Quando voltei ao crochet, entremeei ao fio mesclado do Alzheimer, as cores da delicada orquídea a quem chamo de Marildinha.


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